"Ela queria aprender a ler."
Não quero fazer nenhum julgamento neste artigo, apenas chamou-me a atenção a frase que utilizo como título, trata-se de frase retirada do depoimento da mãe da menina Isabella, no julgamento que tenta fazer justiça com relação a esse bruto assassinato.
Ao ser interpelada sobre o sonho da garota, a mãe apenas responde: "Ela queria aprender a ler".
Chega a me arrepiar.
Fim de semana passado estava no Zoô Safari com meu pequeno Felipe e vi quanta alegria um passeio tão simples pode causar, na verdade as interjeições de felicidade do garoto não tem muita relação com os animais, até porque não era sua primeira vez lá, mas, a possibilidade de descobrir coisas novas com seu pai, a possibilidade de se tornar um "fotógrafo" naquele dia.
Saímos de lá e fomos comer pastel, ah, lembrando que o passeio no Zoô é baratinho, crianças de até 4 anos não pagam, deficientes também não, e fazem o percurso no carro do próprio Zoô. O pastel também bem baratinho, sentamos, comemos, conversamos, não é fácil a vida de filhos e pais separados, porém, relações baseadas em verdade e amor tendem a gerar bons frutos.
Já em casa ele conversou com a vó, com a tia, falou das aulas de inglês e do futebol, até que chegou a hora de nos separarmos novamente pois, aniversário da sua amada irmã.
Deve se perguntar porque estou dizendo tudo isso, na verdade é uma constatação que faço, vivemos na era dos extremos há algum tempo, não temos tempo pra ensinar, mas precisamos aprender, terceirizam-se a educação dos filhos, achando que uma boa escola tudo resolve, e esquecemos-nos das coisas mais importantes.
É a era do urgente, não separamos o urgente do importante, nem o fundamental do essencial.
Seria eu um hipócrita se dizesse que conheço a dor dessa mãe, não vivi tamanho rasgo no peito, mas sei à medida o amor que lhe toma pela sua pequena Isabella.
Como disse não faço julgamento, não sei quem, nem como foi, apenas quem fez pode responder às questões, pois a pequena Isabela, essa nada mais pode dizer.
Vivemos um mundo irracional, injusto e inapelável, atirar uma criança pela janela não é animal, não é selvagem, é própria face do diabo, isso seja quem for. E claro, se foi o pai, me pergunto qual a função de nós, pais, nessa sociedade que estamos criando.
Ela queria apenas aprender a ler, descobrir o que tanto nos encanta nesse encontro de vogais e consoantes, descobrir a possibilidade de viajar ao outro lado do mundo sem tirar a bunda do sofá de casa.
"Ela queria aprender a ler" e você? Qual o seu sonho?
Tenha um bom dia.
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